Luís Serguilha
O texto não é coexistência de sentidos, mas passagem, travessia; não pode, pois, relevar de uma interpretação, mesmo liberal, mas de uma explosão, de uma disseminação. (Barthes)
Que linhas de tempos rítmicos atravessam e envolvem TORPOR?
TORPOR: livro do poeta, crítico e professor universitário Luís Adriano Carlos não é “fonte de recognição, é vida problemática” (Kastrup), é conceito vibrátil que nos questiona ritmadamente porque faz dos seus recomeços inqualificáveis a pura génese do pensamento, sim, dos signos do impensável onde os poemas impregnados de uma fortíssima ritmicidade corporal constroem enlaces de tempos por vir por meio da invenção e do paradoxo.
TORPOR é envolvido e atravessado pelos vigores rítmicos que fazem coexistir novas dimensões do tempo e passa sempre para libertar forças conceptuais imprevisíveis e catalíticas, é o retorno da energia do poema em si, é a diferença e a improvisação transdutora dentro do incomensurável que se torna já diferença de si ao construir o infinito, e assim, relança a palavra já transcodificada a cada lance de dados, intensificando o REAL por dentro de um tempo sublunar: o tempo em torpor é transvertido numa marchetaria do sensível, desencadeando sensações que nos fazem desviar de qualquer finalidade pré-existente, tudo começa a transbordar na cabeça do leitor porque os poemas fazem encontros fisiológicos extremados, levando-nos muitas vezes para o insituável da respiração onde uma voz se impregna de sentidos e se transmuta na matéria do sentido, tentando traduzir o irrepetível contagiado pelo incomensurável. Em TORPOR há uma correnteza vibrátil geradora de movimentos vertiginosos em descentramento e sempre religados às afecções espélhicas com tremendas rasgaduras compositivas que crivam o caos por meio de imagens vitralizadas onde a cada instante o poema acontece por meio de um outro em experimentação expressiva, um outro que já passou e que ainda poderá acontecer, fazendo o leitor sair dos limites, movimentar-se em zonas obscuras e extravasar dentro de um instante da eternidade absoluta como se uma visão híbrida do espírito criasse sentido fiandeiro e anorgânico, eis o gosto que dá o sentido à maçã, como nos disse Pessoa. O leitor dentro do ritmo problemático de TORPOR extrai aprendizagens que exigem decifração contínua de signos em zonas indeterminadas e membranares sempre envolvidas no inédito acentrado que se caotiza e descaotiza ao impulsionar mudanças ininterruptas por meio do criativo intensivo onde surgem sempre pré-catástrofes, alvoroços gramaticais, conceptuais, que anteriorizam a própria leitura do poema mas nunca deixam de gerar consistências, porque em si há uma duração contagiante do pensamento: é aqui que a diferença em TORPOR desponta, friccionando o real inesgotável de uma leitura através de regerminações, de deslizamentos do inominável das distâncias que quase se esgotam no infinito ao visionarem as escoaduras do excesso fora das dimensões cronológicas e rés ao indiscernível. O POEMA-TORPOR transmuta sempre e diferentemente porque esculpe ritmo com detalhes e fendas inesperadas do caos germinativo. Saímos do caos por meio das forças do ritmo (J.Gil), é o movimento rítmico do caos que nos faz ler intensivamente, gerando sensações, labirintos espelhados, esculpindo o infinito e o insituável na respiração dos poemas onde a transmutação exige forças diferenciais e supralógicas ritmáveis que cirandam o caos, dilatam o caos, compõem o caos e fazem o leitor-já-híbrido dançar anorganicamente a marchetaria vibrátil de TORPOR, sensitivando o espírito: ler TORPOR é “dançar múltiplos caos”, é extrair tempos diferentes através do caos e nos tornarmos heterónimos dentro dos próprios poemas por meio de prismas ritmáveis do acaso que nos leva até a uma onda de saturação impulsora de novas geografias do pensamento porque a cada instante do poema nos transvertemos dentro de um inconsciente rítmico e de golpeaduras paradoxais de uma cosmogénese poética que exige tradução ao infinitizar o ritmo e a levar o leitor sempre para o criativo, o indefinido, sim, em cada instante do poema há uma singularidade que desdobra visões sobre o corpo-do-poeta onde a invisibilidade se faz possível, força de um sensível do visível criador de espessuras imanentes de um tempo crónico que vai capturar luzes à ocultação dentro do inacabável: o leitor em TORPOR experimenta o desconhecido e o invisível, construindo sempre zonas de passagem com linhas abstractas de um corpo vivíssimo, tudo está em tremenda variância, tudo é ritmado e compositivo, por vezes temos a sensação que uma ritmicidade caleidoscópica nos atravessa e novas topologias do sensível assomam, novas tessituras com vozes múltiplas despontam e criam disrupções, interstícios gramaticais e assimilam ressonâncias dos desastres que perfuram as palavras, absorvem as tramas da musicalidade que flutuam entre as palavras e as sintaxes sensorializam-se com o inominável. Torpor é um mapeamento de afecções expressionistas em quase-catástrofe, que exige do leitor ver e escutar desabaladamente porque os poemas vivem em distâncias adjacentes, entrecruzam aberturas máximas do silêncio rítmico com o subtil e o microperceptivo, impulsionando liames de irrupções ondulantes entre sentidos inéditos que absorvem a musicalidade do heterógeno sem finalidades. Ao lermos TORPOR, coalizamos e metabolizamos espiritualmente matérias com movimentos de uma renascença que nos faz desaparecer: é uma desaparição provocada pelas transparências prepósteras dos próprios poemas que nos envolvem num exercício ininterrupto de extracção de novas camadas de tempo que vão impulsionar turbulências rítmicas: o intensivo.
Os poemas arremessam o leitor para os signos da duração paradoxal e inesgotável do vazio pleno de voltagens, de ontologias fractais, de vibrações ínfimas e de partículas virtualizadas que revigoram o imprevisível e geram diferença nos intervalos do tempo, fazendo o leitor assimilar as ressonâncias das incisões sígnicas nos ecos conceptuais que deslizam entre modos de uma presença estranha e pré-babélica completamente fora de uma submissão funcional e orgânica. As forças rítmicas do corpo do leitor se entrecruzam com as velocidades do caos intensificando sentidos inéditos com coexistências temporais, assimilando o indiscernível criador de distâncias de irrupções oblíquas que compõem tempos acontecimentais e acronológicos sem formas antecipadas, desdobrando-se no movimento mutante do corpo do leitor: aqui, TORPOR se reforça entre-tempos desviantes, sublunares e improvisatas do ser-do-sensível que se transcodificam ao exacerbar a leitura dos poemas transpondo linhas de existência com fisgadas de pontos de vista impulsoras de zonas de passagem que constroem forças metamórficas trágicas por dentro de rebentações sígnicas e anorgânicas onde o todo-intensivo do vazio impulsiona o leitor a transvazar, a sair dos limites, a pensar, absorver as travessias da musicalidade matérica e a construir espaços-encontros dentro da transbordância rítmica. Em TORPOR, a leitura é durativa porque exige reinvenção e criação dentro da diferença repleta de forças heterogéneas que se refazem permanentemente por meio do ritmo: há um prolongamento de intensidades daquilo que está por acontecer dentro de uma prática de si que mistura drenagens das palavras nas visões de uma fuga topológica e se conecta à gestação crónica do tempo e à composição do excesso do impulso vital de uma renovação nietzscheana, exigindo ao leitor que tente compreender as forças das imagens dos novos sentidos e as potências dos alvoroços de um dicionário de traduções de pré-catástrofes insaciáveis que o atravessam e o poderão demudar inesperadamente. Ao lermos os poemas de TORPOR, por meio de um movimento de silêncios que se acumula em conexão com anamorfoses, somos acolhidos pelo impossível, rés à volta intersticial do jogo respiratório e das singularidades.
TORPOR se revigora nos intervalos anorgânicos dos afectos rítmicos que assimilam as variações energéticas com movimentos in-visíveis dentro de uma composição de sentidos onde tudo se abre ao prisma ritornélico das expressões que se realçam nas zonas de passagem das superfícies epidérmicas (sensações vibráteis nos misturam com os fluxos quase-incontroláveis dos poemas que nos transmutam desabaladamente, poema e leitor tornam-se indiscerníveis, o rosto dissolve-se e o respiramento se faz palavra rítmica que fissura o mundo diferentemente com sua orfandade insituável): tudo se transmuta, se cria, recria, se levanta contra tudo o que nega o pensamento: opérculos das palavras religam disruptivamente as sinapses cerebrais e as paredes vibráteis dos orgãos indeterminados se envolvem nos entes rítmicos onde o impensável se fortalece por meio do indefinido: há sempre algo acósmico que anterioriza as palavras impulsionadas por uma dança heteronímica perfuradora de rebentações verbais de modo absoluto, recompondo e anarquizando simultaneamente a leitura dentro de uma correnteza informe e libertadora de coexistências temporais e fabuladoras: há um atractor rítmico a pluralizar relações arrancadas do interior do poema que se difere em si mesmo ao gerar tempos fractais e rizosféricos: há uma imbricação rítmica a compor-se por meio de contágios de traços verbais e de abstracções condensadas por forças simultaneamente indefiníveis e criadoras de signos: aqui-agora: TORPOR faz do tempo da experimentação a absoluta alteridade que entranha o obscuro no real estimulando novas semióticas, novos relâmpagos-sígnicos dentro de uma dança cruelmente sensível entre o imprevisível e a renascença de um pacto-rítmico construído no meio do caos... sim TORPOR faz do RITMO, do vazio e do silêncio um trapezista espiralado no caos onde o leitor gera minúsculas devastações criativas ao tentar sair permanentemente entrelaçado pelo enlouquecimento da língua que o leva a construir novas imagens no impensável e a implicar-se na tradução rítmica do ilimitado por meio da desrazão topológica de um devir. TORPOR alavanca sentidos com suas evasões movediças por dentro das dobras lúcidas e inexauríveis da existência de um gigantesco cântico que impossibilita a sua origem e flui nos extremos acidentais dos poemas, expandindo e transmutando o leitor através de uma estética do VAZIO-RÍTMICO já-perante o alvoroço das ruínas verbais que o abrem ao mundo indeterminado: há um jogo de errâncias envolvidas por riscos da experimentação dos poemas que criam as suas próprias forças de acontecer por meio do impossível e do indeterminável, abrindo novas cavidades transcodificadoras, novas fracturas germinativas do inconsciente onde nos perguntamos: como deslizar em TORPOR atraídos por zonas intervalares, fragmentadas, intermitentes das palavras diante das imagens esquivas e ritmadas pelas interrupções mutantes que nutrem o vazio e as incompletudes rés a um limiar que nunca será envolvido, nunca será atingido, nunca será objectivado porque vertigens de imagens-palavras em mutação incessante friccionam-se com as distâncias de uma presença impessoal e estranha? TORPOR envolve-nos na alucinação e no arroubamento, criando e intensificando o real entre ruflos ininterruptos do imprevisível que nos arremessam para aquilo que poderá ser dito dentro de uma fenda de um dicionário insaciável onde os estiletes do acaso recomeçam sem exórdios, fazendo tresvariar as dobraduras das palavras até ventilar um envergamento de tramas que se esboça na obscuridade e na suspensão das quase-imagens onde o rosto do poeta e do leitor desaparecem por dentro de mapeamentos de espaços heterogéneos e paradoxais. TORPOR ritmiza-se e ritmiza-nos com as tecelagens do impossível que buscam aliados ao ser do sensível afirmador de um tempo durável em nós, um tempo que nos faça reencontrar uma nova diferenciação que nos revigore e nos espiritualize através de uma memória onde voltagens, feixes, limiares, ressonâncias de travessias ininterruptas nos façam experimentar a ritmicidade do improvável que é já o múltiplo de uma respiração RÍTMICA que acorda a vida obscura do corpo por meio de almas-larvares dos poemas: estamos dentro do movimento da existência de um cântico do instante rítmico e o poema se reinventa com exultação sígnica de uma VIDA que não espera mas exige a dança acontecimental no infinito de cada visão radicular que bate e rasga o impossível com os espelhamentos rítmicos estilizadores de uma velocidade semiótica germinável rés à catástrofe: em TORPOR existe uma contextura paradoxal do tempo que envolve uma correnteza do inexplicável com zonas abertas pela singularização de um real aformal onde o leitor mergulha nas multiplicidades rítmicas autopoiéticas que despontam dentro das impermanências verbais em estado puro: aqui-agora: o leitor está sempre em movimento intruso como um instante pleno de diferenciação e no encontro extremado com outras forças metamórficas até assimilar uma tragicidade de tendências não actualizadas: há aqui um ritmo da improvisação que extrapola o empírico e nos faz diferir, afirmando sempre uma potência plena de vazios que se recriam a si mesmos dentro de velocidades nómadas provocadoras de um inconsciente que se volta para as imagens anómalas do futuro de uma visão incompleta. O real inesgotável do espírito dionisíaco faz do leitor um dançarino da durabilidade das forças da diferença que se torna diferença de si e se impulsiona a cada lance de dados revigorando as imagens directas do tempo, ou seja, as forças rítmicas do tempo puro que ajudam o leitor a sair da catástrofe: é uma experiência estética que o leitor absorve para pensar o impensável numa zona de vitalização do insituável, do imperceptível, do paradoxal, do agramatical, do aformal, porque TORPOR faz a síntese rítmica do tempo crónico sem finalidades como um esforço supremo da invenção a absorver o excepcional que já é uma diferença dentro da variação inexaurível de afecções sensitivas. O ritmo em TORPOR torna-se o inconsciente que escoa pelos poros do leitor forças anorgânicas incodificáveis e o inapreensível, envolvendo uma passagem de construções heterogéneas numa geometria lacunar. Voz e visão se fracturam com as intensidades cartográficas dos poemas, arremessando reminiscências de uma abertura ao futuro com o dentro intersticial a assimilar o vazio de distâncias em composição disruptiva, que perfura e atravessa o exercício da obscureza singular de uma eternidade revelada pela própra transmutação-do-meio do improvável nutrido pelo alógico das sensações. TORPOR impulsiona deformações rítmicas no leitor ao assimilar a impiedade das traçaduras do acaso com sonoridades que despedaçam a visão e se conectam ao rigor do impensável. Luís Adriano Carlos compõe o germe poético com a elasticidade do acidente sintático que refracta ritmadamente a palavra, levando-a às voltagens do incomensurável e exercendo diversos níveis sensoriais por dentro do movimento caótico do leitor: aqui as sínteses assimétricas se transbordam e nos lançam para a abstracção criadora e movente dentro de uma travessia infinita do caos: há sensações contidas e plásticas a demudarem-se na multiplicidade de visões e nas coexistências da infinidade de escoamentos impessoais: as forças rítmicas-caóticas que perfuram o corpo-TORPOR cria em nós uma estética rítmica indiscernível sempre intensificada pela decifração do sensível do desconhecido onde a presença do excessivo e do disforme, entrecortados por níveis acentrados, se avizinha pela experimentação acósmica impregnada no silêncio da heteronímia que é já uma singularização envolvida pelo silêncio transmutador de sentidos: ao lermos TORPOR, ritmizamos a indeterminação e a indiscernibilidade com o que entra em devir e nos tornamos na própria problemática assimiladora de linhas infinitas do entre-dois e do intermezzo que fazem vibrar o labirinto dérmico onde microfísicas do inédito irradiam e exprimem a mudança simultaneamente na agoridade rigorosa e errante da leitura: aqui a matéria instantânea entre as palavras nos faz perambular assimetricamente no todo-aberto de uma correnteza incomensurável de imagens-movimento que se entrecruzam em variação contínua onde a musicalidade se intensifica porque uma imagem-luz tenta despontar dentro das passagens do dizível-das-incógnitas que materializam o silêncio entre as palavras de uma geografia cinemática. TORPOR é ritmo dilatador de tempo que impele o desejo coexistente para emaranhados flutuantes provocadores de mudanças de sentido, sim, estamos perante dismorfoses imagéticas porque o tempo crónico se infiltrou nas forças anorgânicas e nas plasticidades das imagens que se modificam entre si, gerando ressonâncias variáveis onde as géneses das palavras se desmaterializam ao se ritmizarem na própria cortagem da sua diferenciação, que é já o sensível intensivo durável a nutrir o fundo estranho do pensamento que faz o leitor divergir-se ininterruptamente contagiado com a eternidade da obscureza rítmica e da hapticidade acêntrica de TORPOR. As transparências sombrias verbais antecipam o jorro contraente do passado e o desdobramento do futuro, afirmadores dos instantes problemáticos do presente em recomeço imanente: há em TORPOR uma miríade de dimensões temporais onde o ritmo faz o escoamento do presente permutar-se com outras travessias paradoxais e criativas, reconstruindo aglomerados de imagens-afecções duráveis do passado, contagiando um futuro contemporâneo inobjectivado. TORPOR exige do leitor ondulações, variâncias e ritmicidades decifradoras de signos efervescentes que os poemas projectam por meio de luzências vibráteis da matéria que intensificam as afecções intervaladas de uma reminiscência involuntária: TORPOR se faz paradoxal entre linhas desconhecidas porque é ritmo heterogéneo no encontro de repercussões dos acasos com múltiplas sensações entrelaçadas umas nas outras, produzindo pensamento crítico e inventivo através da problematização de uma leitura dentro da emergência do acontecimento expressivo que bosqueja com os traços indeterminados e indefinidos uma linguagem levada à potência do indizível onde os extremos dos seus limites impulsionam as aprendizagens da episteme por meio de encontros sígnicos. O RITMO em TORPOR intensifica-se porque leva o leitor até à vazadura dos limites para absorver o impensável através de afecções sensitivas acósmicas sempre violentadas por abalos sígnicos e do acaso onde a mutação do impossível fricciona o inabitual e o desvio, refazendo superfícies com suas transbordâncias, com suas dobras em tensão esfíngica, que fazem o leitor experimentar e sentir as misturações do desassossego no real inexaurível com outras maneiras de pensar-ler. O RITMO em TORPOR é o que não foi pensado, é o que problematiza, por meio de dobras compulsivas do impensável, e se diferencia e se transmuta ao mergulhar na matéria por dentro de um tempo acronológico: o irrepetível acontece como travessia de forças imprevisíveis dentro do estranhamento e afectado pela suspensão de acasos, de vastidões variáveis e de movimentos esfíngicos turbilhonares que fazem o leitor alcançar rastros das intensidades sígnicas, produzindo rupturas, fendas, inquietudes e problematizações no percepcionado. O RITMO em TORPOR advém de abaladuras rasgadoras de desígnios da significação porque os poemas levantam interrogações, desestabilizam o já-dito, despontam como golpes abstractos e rigorosos contra a matéria, gerando errâncias, provocando crise em si mesmos ao se entrenharem no fundo das relações inexauríveis do tempo: aqui TORPOR ritmiza uma miríade de probabilidades da estranheza e do desconhecido que se conectam à matéria-espiritual intempestiva em recomeço-ininterrupto, onde o RITMO obsessivo do aparecimento trágico, que é já desaparição imanente às turbulências do inacabável, inventa visões nómadas ao rasgar estruturas lógicas com os mundos possíveis-aiónicos onde vasos intercessores de uma onda sígnica quase-desmaterializada rasga suas espessuras ao explorar os fluxos com as tramas intermináveis das sensações. O processo rítmico de TORPOR é estranho e indeterminável, envolvendo expressões inactualizadas dentro da insubordinação do insurgido. Luís Adriano Carlos acentradamente movimenta esboços, fragmentos, multiplicidades e diferenças que coexistem com a molecularização de vizinhanças microperceptivas e com espaços híbridos emissores de signos que se autonomizam nas ruínas geradoras de velocidades do invisível: estamos dentro de um conceito em prática criadora que tenta buscar uma transbordância sígnica a dizer sim à duração poética de cada instante, tentando eternizar a existência no labirinto de sensações variáveis: o indecifrável rítmico desponta para se bifurcar, se diferenciar e estilizar com mapas fulgurantes em de-composição entre palavras pulsáteis que se abrem dentro de matérias vivas ao atravessarem o que há de quase-ilegível no poema: aqui os ritmos assintácticos fazem deslizar o leitor nas extremidades da linguagem, intensificando os intermezzos inventivos fora da língua predominante e extrair da língua as durações invasivas dos acasos e as reminiscências musicais do sensível. TORPOR e suas potências microscópicas levadas à estranheza das espirais de uma língua rítmica fazem da obscureza dos movimentos uma dança de matérias luminosas onde suas epidermes acontecem em relação diferencial com outros riscos plásticos, fazendo do leitor uma distância, uma dobra, um intervalo, uma indeterminação plena de sentidos imperceptíveis que envolvem consistentemente o real para se infiltrar no improvável. A leitura de TORPOR impregna-se de sentidos rítmicos que constroem palavras com as irradiações vibráteis do espaço em recriação-rigorosamente-cósmica: a leitura RÍTMICA de TORPOR não busca uma representação identitária, mas entranha-se na duração do traduzível de uma intersecção sígnica que movimenta o integral da palavra e o intensivo silencioso que a circunscreve diferentemente por meio de uma força imagética e acontecimental em transmutação: há uma mistura polifónica que abre pontos de vista envolvidos na decifração ininterrupta: é uma paridura rítmica do desconhecido que diz a sua própria incerteza e a sua própria ambivalência, golpeando o corpo do leitor com as forças germinativas da impessoalidade e da incógnita suspensas na interrogação do vazio onde membranas paradoxais sobressaem por meio de uma pulsação sem medida. Há dissipações verbais por dentro de uma força indefinida e de uma fissura indeterminada onde o leitor se esgota e se modifica esteticamente ao absorver ondas-do-ser-do-sensível porque TORPOR exige que ele faça escolhas dentro de uma experimentação radical e compositiva de novas maneiras de assimilar o inaudito. TORPOR aqui é ritmicidade expressionista, é lance de descodificações sígnicas, de forças de uma transfronteira transbordante onde as passagens extremas dos poemas fazem da rede epidérmica um acidente verbal. O leitor se reinventa dentro de uma sensibilidade diferencial do inacabado e do informe, lançando o seu corpo para o imprevisível que jamais negará os sentidos e a experimentação do incógnito através de encontros de ritmos vitalizados por sensações que são já-em-si forças de riscos metamórficos que variam energias com o inédito e pluralizam vigores existenciais.
TORPOR é uma força sígnica da diferença que gera diferença com a ritmicidade do vazio e do silêncio que se entranham na musicalidade das palavras e nas geografias verbais para transmutarem o leitor em sínteses testemunhais de um espírito interceptor de instantes intermitentes e descontínuos. Em TORPOR, há tempos acumulados pela própria experimentação das coexistências de movimentos variáveis onde o presente se torna grandeza dilatável de um passado em condensação por meio de fricções durativas do retorno das singularidades. TORPOR coexiste-se e torna-se um mosaico de tempos e de traduções de imagens-tempo, lançando o leitor para a duração mutante e rítmica, envolvendo-se nas velocidades infinitas do pensamento enviesado e oscilante, fragmentando-se consistentemente em linhas sígnicas que já pervagaram e estão por acontecer. Ler ritmadamente TORPOR é assimilar as variâncias turbulentas das relações dos movimentos intensivos libertadores do tempo, molecularizando as zonas híbridas e adjacentes ao esboço problemático que mistura continuamente matérias expressas pelo corpo anorgânico: ler TORPOR é fazer do acaso das géneses um recomeço rítmico com espirais e enlaces adentrados nas espessuras imanentes da pele captadora de paradoxos e de contradições que exercitam os exórdios supremos da diferenciação entrecruzados na invisibilidade visível que se modifica a si-mesma, gerando acontecimentos afectivos dentro do caos através do ritmo que transmuta tudo em criação tradutora dos movimentos indefinidos do corpo.
Há um processo complexivo de imagens-afecções rítmicas, impulsionando variações diferenciais contínuas, desdobradas em correntezas expressivas, abertas ao real inacabável que afirma as linhas abstractas do sensível na decifração do singular ao extrair as linguagens do acaso da heteronímia e das sensações do desconhecido: aqui o leitor ritmiza-se porque se contagia com o impensável, absorvendo a diferença vibrátil e desmedida dentro de rupturas línguísticas e das forças caóticas de TORPOR, que antecipam o acontecimento anorgânico de uma aprendizagem inventiva: há um ritmo voltaico de vozes transmutantes em TORPOR que infinitiza a leitura no finito imperceptível. O leitor caotiza-se musicalmente ao rasurar luzes turbilhonares nas violências intersticiais sígnicas que estimulam o corpo a ritmizar-se no imprevisível por meio de uma composição absoluta já impregnada de tempo crónico, de tempo puro, de topologias acentradas, esculpidas por tensores das fabulações onde despontam potências disruptivas e intensamente atravessadas por jogos de plasticidade de ínfimos ritmos e de interfaces sonoras a ressurgirem dentro das ruínas ondulatórias das palavras. Advêm disjunções verbais que provocam mudanças contínuas ao regerminarem tramas invasivas das sintaxes através do imperceptível, do inaudível e da extrema força do indefinível já-envolvido por intensidades puras onde o leitor se faz infinito modo de existência dentro da afecção acósmica do impossível transmutador de uma estética-em-devir dentro de processos inacabáveis, sim, em TORPOR as traçaduras das imagens reflexivas são quebradas pela musicalidade do heterogéneo ao crivarem as vertigens de uma quase-catástrofe com as mudanças intrusas das afecções expressionistas: aqui o leitor começa a olhar desabaladamente por dentro das sonoridades inéditas da matéria: é a errância do impensado e do paradoxal rítmico a criar hiatos com novos mapeamentos do vazio, que sendo inexistente se torna real ao refazer as dimensões temporais da existência sem desígnios e a ampliar as forças sublunares do ser-do-sensível e do ser afectivo-crítico que transmutam as forças caóticas em diferença rítmica através do silêncio das simultaneidades metabólicas do múltiplo. Em TORPOR a escuta do real reforça tempos diferentes e se faz com demudanças inomináveis, envolvendo os crivos da experimentação ininterrupta do vazio que assimila o incomensurável de um espaço povoado por espelhamentos ínfimos-catalíticos e infiltrando a duração inesperada do poema nos blocos de contágio-sígnico do corpo do leitor: aqui o ritmo de TORPOR desencadeia afecções estranhas, exacerbando existências com encontros da transbordância compositora do infinito e do insituável e da rigorosa porosidade do poema, transcodificando simultaneamente o irrepetível e o descentrado das forças matéricas e espirituais. TORPOR torna-se um movimento religado ao infinito rítmico que nunca se completa porque é uma gestação de tempos diferentes e múltiplos onde a cada instante a hibridização do poema acontece por meio de um outro em experimentação problemática, um outro-atractor que extravasa, já passou e ainda poderá ser-labirinto, um outro em decifração que entrou no alógico vibrátil e na heterogeneidade sensorial. TORPOR é ritmo vivíssimo entre as membranas velozes-lentas do leitor que defronta as leis da natureza com entre-tempos provocadores de encontros extremados que o afectam em permanente variação.
Além das suspensões sígnicas de TORPOR, estamos dentro de ritmos que passam entre os órgãos indeterminados dos poemas, disseminando os exercícios singulares da obscuridade no inominável das distâncias sígnicas que se esgotam na autoexpansão gérmica para absorverem o excesso de uma escoadura alofila do tempo já misturado nas dobraduras da carne do poema que flutua ritmadamente em várias geografias das sensações e se torna numa visão experimentadora do indiscernível. É das mudanças intensificadoras das subtilezas rigorosamente caológicas dentro de fendas imprevisíveis que o ritmo desponta em TORPOR e o infinitiza, reconstruindo no leitor prismas da improvisata com movimentos vertiginosos e com ciclos energéticos descentrados através de uma fractura afectiva que envolve as visões de uma orfandade da cosmogénese.
TORPOR apreende movimentos de percepções sombrias, barrocas e obscuras, em velocidade infinita, com ínfimos intervalos acentrados, envolvidos por silêncios membranares onde vazios irradiam paradoxalmente: os poemas se tornam o infinito do vivo onde forças monádicas se cruzam, espiritualizando a violência de uma fragmentação de mundos possíveis e de espelhamentos verbais que exigem do leitor um resvalo nas imanências rítmicas do infinito, revigorando-se com a solidão das metamorfoses de uma musicalidade da potência real onde o sublime dos sentidos está fora da significação porque se misturou nas durações estranhas e nos interstícios das palavras do corpo-TORPOR. O sentido impulsionador das ressurgências estranhas da palavra e o movimento do impensável misturam ritmadamente o leitor, abrindo pontos de vista cingidos na decifração sígnica ininterrupta onde a força germinativa do mistério e a incógnita da matéria constituem a suspensão verbal vibratória que autonomiza o movimento-olhante por dentro do abissal-infinito de TORPOR: se o ritmo em TORPOR esculpe as vertigens da diferenciação, o desejo da leitura recomeça sempre dentro de um futuro imediato e sem identidades prévias, mostrando uma problematização tensional e germicamente intuitiva: há um esboço da incompletude existencial onde processos de uma musicalidade estranha se repetem fertilmente ao decomporem uma gramática por meio da tradução rítmica do ilegível e do inefável: as trajectórias sígnicas despontam com ritmos agramaticais que recomeçam e antecipam a dança do leitor no espaço indefinível, redobrando as topologias da decifração e os mapeamentos das zonas subtis do poema ao infinito. Luís Adriano Carlos cria defluxões contínuas de vozes-corpos transmovidas pelas metamorfoses do vazio que as revigoram por meio de um tempo infindável, provocando a estranheza de um dizer heterogéneo que é já esfíngico na diferenciação do encontro RÍTMICO com as vibrações sígnicas: estamos dentro de forças rupturantes abstractas e não de significações: há uma força acontecimental rítmica na própria língua porque escapa à forma identitária do discurso, vive em desvio hesitante, sai da sucessão representativa, traduz o subversivo ao quebrantar suas fronteiras coagidas, ao fugir da condição humana, ao criar volteaduras nos povoamentos por vir com novas geografias fabulatórias que fazem variar microscopicamente a voz do leitor entre fendas expressionistas. Se a mutação do vivo é acidental, como nos diz Bergson, TORPOR se faz por meio de abalos de uma tradução rítmica dentro de forças insurgidas que deslizam no real inesgotável onde o leitor se bifurca e se avalia através das suas próprias de-composições em contágio com o instável e as fronteiras moventes dos poemas: imagens se desviam de sínteses identitárias porque há no seu fora-adentrado uma genética rítmica e de diferenciações que se movimentam implicadas na experimentação de modos de leitura que fazem durar dentro de uma existência indefinida: estamos dentro de ritmos constelares e de encontros rítmicos do que é possível ser em todos os lances intercessores de uma leitura já em mutação impulsora de ideias e de problemas onde a própria revelação do existir e a prática do si dentro do poema é exigência gradiente e criativa envolvida por linguagens finitas de um mundo incomensurável. TORPOR é insaciavelmente rítmico porque se religa à própria vida com a experimentação absoluta e genética de uma crítica de si entre fundos de tempos inexplicáveis que se entranham no corpo do leitor e o constituem por meio da singularização dos atravessamentos da matéria catalisadora da duração. Luís Adriano Carlos leva as inquietações rítmicas das palavras para as superfícies pré-individuais simondonianas e explora as forças de singularidades impessoais com potência ética do falsário (falso raccord) que soleva a imagem directa do tempo dentro dos atractores da tragicidade óptica em decifração ininterrupta: aqui o corpo do leitor é um entrecruzamento de dobras in-visíveis a coexistir ritmadamente nas diferenças intensificadoras de tudo o que não aconteceu. TORPOR faz-nos voltar ao caos permanentemente para assimilar os aturdimentos da eternidade e construir novas dimensões de tempo, relembrando D.Hume. TORPOR relaciona movimentos de forças-matéricas-espirituais que absorvem e experimentam processos inobjectiváveis e do risco que nos fazem sentir as latências do extremo verbal e o infinito rítmico em cada ponto de vista que atravessa a possível finitude de cada angulação da palavra. TORPOR é um singular roubo semiótico que nos lança para a saturação rítmica dentro de um processamento gérmico e de uma vigorosa prática paradoxal e inobjectivável que nos impele a pensar religados ao real aformal das sensações de um “ser maçanesso de maçã” (D.H. Lawrence) onde o poema é envolvido por sínteses impregnadas na repetição dos instantes, fazendo duração eternal de um todo-aberto que cria existência com anamorfoses e deformações rítmicas a cortarem e a rasgarem a matéria: aqui, TORPOR conquista e experimenta o tempo ritmadamente e se faz espírito altivo lucreciano porque sua natureza está sempre em transmutação. Há um animismo rítmico em TORPOR, fluxos luminosos e moleculares deslizam dentro do poema impulsionado pelo tempo aiónico rés à matéria fora das objectivações onde o leitor assimila as rupturas, as turbulências e as errâncias irrefreáveis para se permutar e entranhar as percepções nas catástrofes que anteriorizam o real invisível do poema. Há uma química rítmica do poema que ressalta na fronteira extrema da pele do leitor e o faz transvazar, visionando a desertificação que antecede as sombras dos espelhamentos da palavra. Os ritmos das reminiscências perfuram coalescentemente a agoridade heterogénea, arrancando na diferença dos obscuros uma visão sonora que lança o leitor para o acidental de um desassombro futurível.
Se os signos presentificam diferentemente e fazem ver o que está fora dos seus liames, TORPOR, por meio deles, ritmiza a estranheza sintomatológica da linguagem e as voltagens enigmáticas que se movem nas superfícies obscuras das palavras já impulsionadas pela interrogação dos sentidos das sensações de entre-dois desdobrados a cada instante pelo passado que se intersecciona e se entrecruza com o presente de onde veio religado a um futuro imediato, sim, TORPOR estende as camadas de tempo num processo de velocidades incomensuráveis e se ritmiza ao diferenciar-se impregnado de sínteses intratemporais: aqui, o leitor resvala em tramas flutuantes que pervagam e ininterruptamente estão por acontecer, criando vertigens e oscilações até fazer da leitura de TORPOR uma reminiscência múltipla em renovação acronológica, uma força autónoma do falso onde movimentos descentrados jorram mutações imagéticas que impulsionam o imprevisível: aqui o leitor mergulha nas espessuras dilatadas do presente feito de emaranhos verbais que exigem devastação criativa. TORPOR assimila todo o presente por meio de seus poros rítmicos e do rigor inconsciente, fazendo “do passado seu contemporâneo” (Bergson) entre imagens que se modificam incessantemente. Ler ritmadamente TORPOR é absorver as coexistências de movimentos que misturam matérias numa ininterrupta força do indefinível e do intervalar onde a duração sígnica invade e mapeia o encontro entre pensamento e poema: TORPOR é o insurgido rítmico aliado ao espírito da imanência impelindo distâncias do vazio que a linguagem obscuriza e não consegue arremessar para uma in-visibilidade-contígua: aqui o corpo do leitor se metabolizará ao gerar estranhezas que estimulam o pensamento a gerar o improvável através das plasticidades inauditas de uma experimentação rítmica. Luís Adriano Carlos reinventa a matéria expressiva ao colocar as misturas cartográficas de TORPOR em movimento onde o ritmo faz transmutar intensivamente os conceitos que perfuram os rastos respiratórios do leitor.
De opérculo em opérculo, de apoastro em apoastro, o ritmo dos limiares metamórficos de TORPOR se dilata, se expande e retorna dobrando-se para dentro de uma suspensão ininterrupta e irradiadora de tensões silenciosas onde o extremo do inexplicável se faz metabolismo antropofágico do leitor-poema: há uma reverberação rítmica a bater no inominável que saiu do caos e arremessou uma voz contra a carnadura em desaparição por dentro da subtilidade espessa de um sentido em pré-catástrofe: aqui Luís Adriano Carlos esfola as palavras para que o olho se devore a si-mesmo e se abra intuitivamente por meio de fistulações verbais misturadas pela cegueira baptismal a penetrar noutras palavras através de espelhamentos rítmicos: há uma regurgitação ritmada, inexaurível, hilética e sacrificial a impregnar-se na exsudação transdutora do poema onde brilham vozes em autofagia: este ritmo do múltiplo que atravessa as ressonâncias internas do ofício-voz: o silêncio sonoriza-se no entre-espaço dos poemas e faz do esquecimento testemunhal a ritmicidade de duplos desvios onde o leitor rasga o parergon e se torna parergon-movente.
Luis Adriano Carlos ritmiza a visibilidade estranha dos poemas com a vizinhança de movimentos imperceptíveis entre as latências intervalares da linguagem atravessadas por sentidos que se mudam para outros sentidos por meio do silêncio de uma deambulação sígnica, gerando geografias possíveis dentro de formas-dismórficas criadas para extrair matérias musicais às forças energéticas de uma transposição verbal. Os sons entre as palavras batem na espiritualização nervosa do excesso do sensível onde vários níveis testemunhais realçam a intensiva presença de embates de entretempos que fazem ver o que atravessa as palavras de TORPOR e que nos vêm perturbar, trespassando-nos por meio de um sopro, de uma latência de singularidades moventes até à duração do prolapso sígnico: aqui Luís Adriano Carlos torna-se uma prática criativa extrema dentro de um dicionário intuitivo do impossível e do improvável, coalescendo imagens dos poemas através de um vazio incomensurável onde a hibridização rítmica de vozes nos fazem entrar na sensação de uma distância incorpórea: aqui o real absorve as imagens que estão permanentemente a ser capturados pelo infinito: por vezes TORPOR transvaza a sua própria forma ao ressoar as composições de uma língua do real dentro de imagens-intervalares onde cada detalhe rítmico faz oscilar o fora adentrado da matéria sensível. Ritmizar o enunciável senciente, perfurando as movências da visão e transmutando-a em sínteses de ecrãns-olhantes auto-cinéticos que impulsionam TORPOR até à desestabilização de um rosto e de um sujeito: um esgotamento renovador de dobras de uma voz que se faz embate horizontal no real ilimitável onde uma multidão sensória dentro do caos acentrado e do desconhecido exige sempre do leitor afectações imprevisíveis e inauditas através de acontecimentos ritmáveis: o RITMO é a grande abertura de TORPOR onde o corpo de quem o lê gera tempo, se torna a coexistência de instantes temporais e faz pensar a eternidade: aqui o leitor recupera o dançarino-devorador em si ao povoar passagens sígnicas com matérias indeterminadas envolvidas por limiares rítmicos: o tempo de TORPOR está já dentro do leitor que exercita a duração que o percorre com o paradoxo e o complexo de um "religare", que nos faz entender as catástrofes vitalizadoras das palavras no infinito do finito dos poemas.
TORPOR é uma caixa de ressonâncias de infinitizações rítmicas que se impregnam nas transduções verbais geradoras de polissemias hipersensíveis onde o leitor faz da existência paradoxal a sua abertura à diferenciação: por vezes as palavras atingem uma velocidade estonteante dentro do real, estilizando-o com os ecos de mapeamentos de mundos possíveis (Proust e Leibniz). O ritmo cinge as palavras com metabolismos assimétricos da autopoeiésis, permutando interrogações na indeterminação e nas beiras bifurcadas do caos que alargam os limiares porosos dos poemas onde em cada ponto de vista há uma angulação do absoluto impulsor de topologias inéditas e de tempos fabulares que arremessam o leitor para a reinvenção do jogo das múltiplas diferenças plenas de esgotamentos que criam imagens, variam o mundo e recriam renascenças incansáveis, espelhando Baudelaire: “mudar a vida é modificar a maneira de sentir”.
TORPOR faz-nos forjar diferentes grandezas do espaço com a singularidade rítmica da pré-catástrofe, irradiando atractores da eternidade por dentro dos poemas onde o olho do leitor sofre rupturas ao experimentar o inusitado do pensamento e com novos sentidos se torna duplo interstício de uma metamorfose espiritual. TORPOR é ritmicidade da mudança de si em si onde uma infinidade de composições vibratórias e abstractas faz encontros com o improvável do outrar-se onde provêm ritmos dentro de um retorno epidérmico vibrátil: um retorno inesgotável de sentidos problemáticos rasga espaços com repercussões das palavras entrelaçadas com outras aberturas do movimento de uma reminiscência acontecimental que faz o leitor impregnar-se nos entretempos, sim, TORPOR é uma força RÍTMICA expressiva que sintetiza a duração da diferença com lances infinitos em variação rizosférica onde o leitor tem múltiplas entradas e saídas assimiladoras de singularidades, de bifurcações inauditas e de impossíveis: o vigor das falhas de imagens vivas e das consistências intervalares compõe um fluxo acentrado e eidético que faz o leitor se transmutar incessantemente, ultrapassando a sua própria memória. O indeterminado impregna-se na emergência do tempo e se ritmiza e dança o seu espaço sempre por acontecer; é o tempo do sensível, o tempo do esboço, o tempo germinativo, o tempo compositor de sopros e de improvisações, o tempo de um todo-durável (Bergson) de TORPOR fora da psicologia e das cronografias, é a defluxão das misturações que sintetizam forças acósmicas e intratemporais experimentadas por Luís Adriano Carlos que envolve TORPOR nos exórdios de uma imanência que acontece por diferenciação, expandindo vertigens sensoriais dentro de uma realidade irrepresentável e desabaladamente viva. O espírito labiríntico de TORPOR busca intuitivamente um germe corpóreo heterogéneo, desviante para se mudar e metamorfosear: é a renovação no interior do enunciável problemático que atravessa TORPOR e o ritmiza, ritmizando o leitor dentro de um metacinema com várias camadas de tempo intermitentes e com aglomerados de sensações que coexistem paradoxalmente, abrindo-se às ruínas dos feixes de encontros que ressurgem no risco da violência daquilo que lemos dentro do mais ínfimo-TORPOR. Numa infinidade de percepções energéticas e ambivalentes, TORPOR nunca consegue dizer o que o apresenta, há uma plasticidade microperceptiva de coesões matéricas-espirituais a envolver estranhezas e intervalos dentro de uma eternidade que absorve as forças sanguíneas e do acaso de Luís Adriano Carlos, levando-o para multidões do inacessível onde o real é emancipação inconsciente a exercitar os vectores da linguagem pelo meio das variações semióticas inobjectiváveis, descontínuas e interrogativas. Um CORPO feito de forças vivíssimas onde o rosto e sua direcção se dissolvem por meio de formas aformais absorvidas e expandidas simultaneamente pelos magnetismos rítmicos gerados não pela “memória daquilo que percebemos no presente, mas pela memória daquilo que somos” (Lapoujade).
Em TORPOR, limiares ressurgem e desaparecem e o leitor desponta e cria o seu desvio como dobra epistémica de si mesmo ou força de um acto ou um modo acidental (Spinoza) que transpõem obstáculos verbais através de permutas instantâneas do silêncio rítmico: o leitor aqui envolve-se no acaso absoluto para extrair as suas potências e catalisar a durabilidade gérmica de um instante que produz diferença transmodal dentro de um tempo absoluto do ciclo cósmico. TORPOR arremessa as forças soltas das superfícies aprofundadas pelo processo mutante de uma enunciação contra o leitor que absorve o território de um desassossego onde a estética do acontecimento de uma povoação movente abre séries heterogéneas do futuro com forças ondulatórias verbais que se entranham nos corpos até ao excesso molecular e ao extremo dos sintomas. TORPOR exige escolhas do entrevisto com as permanentes descodificações feitas de lances de voltagens de um presente que recomeça sempre para enredar matérias do inacabado nos sismógrafos de traçaduras de vazios dentro de uma instabilidade fulgente de afectos. Luís Adriano Carlos acopla os micromovimentos infinitos do ser-do-sensível à vivificação estranha que peneira o caos de TORPOR por meio de encontros de pontos de potência onde eternos ritornelos e bosquejos de sensações refazem conceitos do ser-assignificante-do-poético entre transbordâncias problemáticas e lugares de passagens de silêncios com geografias do imprevisível porque em TORPOR os alvos-moventes tornam-se únicos e intransferíveis e nunca serão atingidos: as suas obscurezas de partículas infinitas não serão alcançadas possivelmente porque dentro das suas complexidades rítmicas o leitor ainda não atingiu a cegueira que cartografa o corpo e permuta a visão em olho-pensante onde desponta a sensação do relance da diferença (Derrida). Luís Adriano Carlos diz-nos que TORPOR se move com autonomia perante o olhar do outro porque em si há autocriação e autonidação dentro do salto pleno do tempo, contudo faz enlaces consistentes com quem provoca o real através da morfogénese ondulante, advindo com o múltiplo em si impregnado pelo exercício de uma parresía-cínica-plástica-autarkéia e eticamente antiplatónica: um modo de vida-escandaloso e poético (Baudelaire, Antístenes e Foucault): a singularidade de quem perturba por meio de uma vida-verdadeira (Rimbaud, Hölderlin, Artaud, Nerval, Nietzsche, Ruy Belo, Ângelo de Lima, Van Gogh, Kafka e Bataille): a verdade rítmica em TORPOR sempre como um processo de “ser diferente do que se é” (Foucault) onde o leitor se inscreve na ritmicidade sanguínea e subversiva dos poemas e absorve a ruptura respiratória impulsionada por Luís Adriano Carlos, que-é já a linguagem longíngua dentro de uma linguagem-outra, por vir, feita de obscuridades arrasadoras de qualquer tentativa de aparição de um rosto-predominante.
Luís Adriano Carlos avizinha-se da devastação do poema, recriando-o por meio das tensões da linguagem que exigem a aprendizagem do infinito com sentidos ambíguos: é aqui que TORPOR rasga os gonzos termodinâmicos dos balizamentos, aliás, seus espiráculos verbais e seus paradoxos mostram o desconhecido em movimento ininterrupto, fazendo do leitor um anónimo povoado por problematizações rigorosas que infiltram o inefável na visão para se envolver no silêncio de uma não-resposta, provocando uma dilaceração criativa na leitura de TORPOR onde a indefinição irruptiva lançada por Luís Adriano Carlos causa o intempestivo nas sínteses sensoriais dentro de Zeitgeist como alteridade coexistencial que se afasta do reconhecimento mas captura a molecularidade do imprevisível por meio da duração sígnica e da experimentação inventiva-complexa. O leitor é entranhado pelas “virtualidades da linguagem” (Barthes) e pela respiração rítmica heterogénea que percorre, quer ao nível aeróbico, quer quase-anaerobicamente, os poemas, transportando-os para uma bifurcação de turbulências interrogativas que arrastam possíveis intersecções de vozes com múltilplos sentidos para singularidades contagiosas. “Todo vivo infectado torna-se ele mesmo centro de propagação; cada um torna-se um centro potencial de um novo processo, que não esgota sua causa, mas a regenera à medida que se produz” (Stengers).
É por meio de silêncios problemáticos das permutas conceptuais entre e à volta das palavras-diferenças que as reverberações dos liames se ecoam na visão atencional dos poemas de TORPOR: o ritmo também desponta nos rastos incisivos de um ver-pensado derridiano onde o phármakon cura e envenena simultaneamente o leitor dentro de um dicionário sempre em recomeço e que levanta as suas ventilações entre forças insituáveis em transdução: é neste encontro por meio de enervamentos violentamente sígnicos que Luís Adriano Carlos provoca variações involuntárias nos poemas que expandem vozes de uma experimentação paradoxal mergulhada na própria existência, com dobras do excesso a baterem nas cinestesias caleidoscópicas: o corpo do leitor dilata-se, quebra estruturas para se ritmizar dentro dos hiatos do inacabável TORPOR, sempre entrecruzado por linhas ínfimas das metamorfoses contagiadoras do múltiplo e do singular: há ondas sonoras multissensoriais e auráticas em TORPOR onde a visão de quem lê ressoa para respirar o seu despenhadeiro incessante: aqui a palavra é já uma distância para o contacto de uma imagem dilatada pela espiral heterogénea dos conceitos em des-construção.
Luís Adriano CARLOS adensa, tangencia, arrevesa, tensiona, expande e faz convergências energéticas que se abrem às possíveis decifrações da própria poesia onde o absoluto de um uno-todificado pela multiplicidade-olhante despedaça proposições com o improvável rítmico-barroco e mistura ideia e matéria interrogativa nas forças expressivas, entranhando-se nos hiatos contíguos dos catalisadores do caos que exigem sempre a exploração de fulgurâncias de variantes conceptuais como cordas informes friccionadas dentro do im-possível e das singularidades. Luís Adriano Carlos torna-se um esgrimista de palavras, ou melhor, esgrime por meio de vozes do silêncio rítmico o mundo-corpo dentro dos fluxos e dos sentidos estimuladores de palavras turbilhonares. Luís Adriano Carlos arremessa os rumores das palavras contra outras palavras em decifração movente, criando ritmos sígnicos dentro do tempo puro-crónico da linguagem. Os poemas em TORPOR pensam as suas próprias turbulências, os seus conceitos, os seus acontecimentos, as suas crueldades, as suas catástrofes e as suas desaparições silenciosas, descentralizando, diferenciando e diferindo o corpo do leitor por meio de invaginações caológicas e de velocidades tradutoras do imprevisível: assim, TORPOR é uma força estética, ética e política porque nos leva derridianamente para a desconstrução do pensamento, testemunhando os embates do des-velamento que faz com o desmedido e as voltagens ínfimas e desconhecidas que atravessam as possíveis traduções dos poemas. O RITMO é a violência da velatura dentro da expressão do visível desdobrado até à transbordância dos múltiplos signos: despontam derivações nas movências do pensamento que se impregnam nos dicionários estranhamente agramaticais e nas fendas das palavras onde os sentidos estão sempre por acabar, sim, em TORPOR a linguagem desfaz-se, refaz-se por meio do seu desastre que é já pensamento crítico: TORPOR não encerra a leitura no sentido porque ele em si acontece no derramamento rítmico a relacionar variações de imagens esquivas com o impessoal infinito de um corpo sempre em movimento e emaranhado por entradas múltiplas onde as singularidades arremessam-se para outras diferenciações que fazem as palavras em TORPOR absorverem suas próprias géneses, impulsionando as interrupções verbais no vazio e as mutabilidades do silêncio nas traçaduras de um diagrama de sensações que se envolvem na vertigem de imagens-palavras em fricção incessante. Estamos dentro de um distância avizinhada por uma presença incerta de um recomeço oscilante rítmico que incita o encontro das leituras de TORPOR com a fascinação do infindável e com as alteridades de imagens fragmentadas pela suas próprias sublevações. TORPOR tece as turbulências de silêncio em silêncio no espaço da pele das palavras tricotadas ritmadamente pela suas rasgaduras e seus envergamentos envolvidos por uma iluminação sígnica que se expressa através do poeta impregnado no entre-querer de um dizer a cingir-se nas intermitências do real onde o possível aparecimento de um símbolo será sempre feito pelo “transbordamento do significado” (Paul Ricœur): TORPOR está sempre dentro de uma distância do súbito que mostra a golpeadura do impossível e as fendas do insondável drenadas por embates sensoriais da impessoalidade do poeta, que, por meio de tentativas de decifração, abre os interstícios da visão ao próprio desmanche topológico daquilo que está oculto e em permanente tradução, lacerando verdades com uma ré-existência desabalada dentro da inesgotabilidade fluídica, membranar e quase-inatingível dos poemas: aqui o RITMO de forças imatéricas das palavras se faz revestimento cartográfico em suspensão mutante onde as imagens inapreensíveis fazem encontros de tempos co-existenciais com sopros bifurcados antes de inaugurar uma geografia do inexprimível em que o silêncio é sempre pele fissurada a gravitar-respirar sobre a desaparição mais ínfima que volveu TORPOR à concisão da sua própria transbordância. Estamos defronte à intimidade profunda e inexaurível de uma fala que aborve as forças espectrais de um desastre para respirar a gravidez tremenda do vazio onde a experimentação integral da linguagem se faz líquido amniótico do próprio poema até atingir o supremo da sua ética na estética: o emudecimento rítmico (Blanchot).
Em TORPOR há uma presença de visibilidades subtis, de golpeamentos topológicos, de fissuras quase inapreensíveis e de bordas de estiletes rítmicos que recomeçam sem origem entre atractores de imagens perturbadoras, fazendo tresvariar a bricolage da língua, criando uma dobradura sanguínea que se esboça na obscuridade e na estranheza da visão, forçando o leitor a resvalar nos recomeços violentos do in-decifrável e com duração nas tramas de relações de forças do inatingível para reconstruir rastros de possíveis mutações esquivas. TORPOR estranhamente nos faz olhar os textos dentro de uma vibração imóvel, uma ressonância aurática do inacabamento onde o fascínio de um olhar ininterrupto envolve o improvável nos distanciamentos próximos de superfícies sígnicas em sublevação: é esta dimensão impessoal que se mescla com as tentativas de uma leitura de TORPOR e nos afasta do sujeito psicológico, comportamental, assimilando matérias de encontros multissígnicos que aumentam a variação de um olhar-sensorial-fracturado e envolvido por volteaduras de transduções que se dobram simultaneamente sobre si mesmas, se exceptuam e se avizinham a lugares em construção movente e por dentro das membranas do tempo da experimentação. Há que perscrutar e ultrapassar fronteiras, intersectar e atravessar obstáculos, fazer durar e molecularizar autonomia espiritual, sentir e assimilar a problematização rítmica de TORPOR com o silêncio envolvido nos poemas atravessados já por várias dimensões de tempo: é aqui que as angulações de linhas divergentes da escuta do real compõem o excesso da diferença, sim, é uma prática radicular que diferencia o retorno da vida-poema, impulsiona afecções inesgotáveis, liberta visões com os silêncios das passagens infinitas da heteronímia, fazendo escolhas perante o imprevisto impulsionador de fluxos matéricos que nos invade e penetra na existência-leitura, reforçando-a indeterminadamente porque há uma experiência contínua do desconhecido rés às matérias imanipuláveis das palavras onde delicada e cruelmente TORPOR cria ondas rigorosas-rítmicas-caóticas: estamos dentro do impensável decifrador de signos que os poemas irradiam, levantando interrogações, desestabilizando, criando sentidos e provocando crise nos sistemas teóricos porque evitam ser capturados pelo orgânico formalizante. Há uma catástrofe da intersecção cérebro-sensações-TORPOR onde o inconcebível é atravessado por forças éticas-de-expressões-inventivas ou por um modo de perceber intuitivamente a vida por meio do infinito-caótico já esculpido pelos pensamentos impregnados nas turbulências rítmicas dos poemas. As palavras em TORPOR avisam-nos que estamos sempre à beira de uma respiração-voltaica, lidando com o intensivo do silêncio rítmico e com a estranheza de um sentido por acontecer: os poemas exigem do leitor decifrações dentro do intangível respiratório onde o silêncio precipita uma VOZ para abrir desmesuradamente a linguagem que torna o leitor num insulamento repleto de forças inconscientes-tensionais. TORPOR faz do quase-inexprimível uma VOZ densa e porosa envolvida pelo inesgotável e pelas ambivalências contagiadas pela materialidade abstracta da página que absorve a plenitude do vazio para ser esboçada, cifrada, traduzida pela própria asseveração dos fragmentos verbais. Ler TORPOR é enfrentar sempre uma ameaça do risco respiratório que escuta o inaudível e os enervamentos consistentes das palavras rés às travessias das falas muitas vezes insondáveis. A leitura de TORPOR exige vazamento de uma eternidade musical até à composição de um cântico, aqui o leitor se enreda nas linhas do improvável mutante das rupturas rítmicas para absorver os tempos do paradoxo e sentir as flutuações dos encontros das consistências do im-possível, sim, ler TORPOR é infiltrar-se em tudo o que está em variação ininterrupta dentro do devir que coloca em jogo o que interrompe ritmadamente as palavras e suspende as durações nos signos do contemporâneo sem formas antecipadas. Ler TORPOR é fazer arpoadas com olhos trágico-metamórficos por dentro de uma eclosão anorgânica que nos relança para o intempestivo dos hiatos dos rasgos expressivos através de ritmos futuríveis. Ler TORPOR é abrir-nos e mergulharmo-nos com as ressonâncias dos desvios através de uma demudança completa e envolvida pela experimentação do heterogéneo que traz à tona o inacabável. Ler TORPOR é roubar ética e esteticamente a velocidade rítmica in-visível entrelaçada noutras visões ou noutros pontos de vista em exsudação tecidular. Ler TORPOR é sobretudo fazer do durável criador de passagens musicais um exercício ventilatório proliferante onde o sentido nunca se formatará porque o singularíssimo respiro verbal e sígnico desponta das cartografias acidentais derivadas de sensações que tangenciam o infinito e o inapreensível: complexidades afectivas levantam interrogações-plenas dentro da incompletude vertiginosa. Ler TORPOR é redobrar geografias dos limites extremos nos intervalos de um tempo por vir e assim nos tornamos duplos e sempre à espreita de latências multissensoriais no interior dos poemas. Ler TORPOR dentro de campos de forças múltiplas quase-imperceptíveis e tremendamente respiratórias abaixo e acima da visão que se abre aos fluxos das luzes e da reverberação do infindável ritmo, sim, TORPOR é imagem do interminável que livra a língua por meio da respiração rítmica. Ler TORPOR é exercitar energeticamente conceitos constelares por meio de um infinito respiro da heterogênese onde o leitor se diferencia através da espessura acontecimental de um absoluto fragmentário: há uma força testemunhal e catalisadora de decifrações sígnicas-enzimáticas porque os poemas em eclosão respiratória tornam-se um movimento acelerado em variação relacional intra e extracelular, criando limiares de uma voz em processo de coexistências de vizinhanças do excesso e da eternidade geradora do real: aqui-agora: a transbordância reinventa o corpo do leitor em cada poema como uma força rítmica que se entrecruzou com o sentido que impulsiona sentido problemático e revigora possíveis traduções.
TORPOR religa-se ao outro de si-mesmo e tensiona-se com o seu próprio movimento opaco, poroso, ambíguo, transbordante, íntimo-múltiplo como uma “essência singular plural do ser” (Nancy afectado por Heidegger) onde as alteridades-diferenciais dos poemas envolvem ontologicamente nos seus extremos corpusculares uma terrífica demudança dos ofícios da suspensão silenciosa para nos arremessarmos por dentro de uma abertura infinitamente finita do sentido fora de exórdios e de qualquer desígnio: desponta a questão incessante: como pensar a multiplicidade-rítmica e da desmedida respiração do ser-aí-ek-sistir no poema-TORPOR dentro do impensável? Não esquecer que aqui, o “silêncio é um templo que não necessita de Deus” (R. Juarroz) e que TORPOR desvia-se da predominância euclidiana de espaço porque é entranhado e cingido por tremendas forças rítmicas. Se a história é o registro dos crimes e das loucuras da humanidade (Eric Hobsbawm) e se “para o saber histórico se vive para morrer” (Sartre), TORPOR é a trans-historicidade de um RESPIRO rítmico dentro do irrepetível e do desigual dos poemas onde Luís Adriano Carlos faz das dádivas sígnicas um tremendo encontro dobrado de muitas maneiras e envolvido por movimentos de sentidos expressionistas porque “só podemos doar o que temos” (Sartre) e TORPOR tem em si a eternidade estimuladora de sensações nos seus extremos que libertam forças de uma VOZ que esculpe o insituável, exalta o pensamento e ainda torna possível as aberturas ao desmedido através das singularidades.
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